22 novembro, 2007

Eu confesso...

Eu confesso que, quando criança, afrouxei a tampa dos saleiros de praticamente todos os restaurantes que meus pais me levavam, afrouxei também a tampa do recipiente de sabão líquido de muitos banheiros, principalmente os da sede campestre da Assembléia Paraense. Nessa mesma época, “pegava” muito chocolate nas prateleiras das Lojas Americanas, ao lado do Cinema Olímpia.

Confesso também que a primeira vez que matei aula foi entre 1988 e 1990, na Gessy’s da Avenida Serzedelo Corrêa. Pedi para ir ao banheiro, arrumei meus livros naquela sacolinha branca e fui me sentar em uma cadeira ao lado da recepcionista, que deve ter achado muito normal, pois não me perguntou nada durante os 45 minutos que fiquei esperando minha mãe me pegar. Também por volta desse período, confesso joguei um tijolo na vidraça de uma casa próxima à Avenida Benjamin Constant, em minha defesa alego que estava escuro e meu amigo Nadim havia me dito que a janela estava aberta.

Confesso que fui eu quem jogou aquela carga de caneta no ventilador de teto da quarta série no Colégio Kennedy, deixando praticamente todos os alunos, inclusive eu, salpicados de tinta vermelha. Também confesso que já passei muito trote por telefone, a maioria foi para números aleatórios, mas alguns conhecidos também não escaparam.

Quando eu estava no segundo grau, no Colégio Moderno, confesso que a idéia de subir em uma escada e jogar o lixo em cima de uns garotos que estavam jogando bola foi minha, mas meu amigo Gerson entendeu errado e, junto com o lixo, jogou a lixeira, que era enorme. Dito isto, não assumo a autoria intelectual de nenhuma das outras coisas, não menos erradas, feitas pela minha turma.

Confesso que na virada do ano de 2003 para 2004 misturei tanta vodka com whisky que, no final da noite, meu amigo Marcus teve que me levar para tomar glicose. Infelizmente não estava em condições de me lembrar em qual hospital fomos, para jamais pisar lá novamente.

Confesso que já menti; que já confundi atração com paixão e paixão com amor; que já ofereci minha amizade para que não merecia e depois me arrependi; que já investi tudo em uma paixão que sabia que não ia dar certo e sofri as consequências disso; que disse que ia ligar e não liguei, mas também jurei para mim mesmo que não ia ligar e liguei.

Confesso que ri muito à medida que fui me lembrando desses pequenos e grandes erros do meu passado. Confesso que omiti os mais pesados e enfeitei os mais sem-graças. Confesso também que já errei bastante e pretendo continuar por muito tempo assim.

Errando e aprendendo e errando e vivendo e errando.

12 novembro, 2007

Hoje pensei em nós

Hoje pensei em nós, lembrei da noite, do frio e dos risos. No meio daquela gente estranha, ao som daquela música terrível e do insuportável cheiro de cigarro, não sei porquê, mas pensei em nós. Lembrei do teu riso, da noite fria, da cerveja gelada e dos beijos, mal me lembro dos beijos, sabia? Pra quê tanta cerveja, meu Deus? Quantas foram? Não me lembro. Lembro, sim, da imensa alegria que senti, alegria de criança quando ganha brinquedo novo, alegria de quem consegue chegar ao topo da montanha mais alta, alegria de quem almeja e realiza o impossível, foi o que senti naquelas horas, disso eu não esqueço. Ainda naquele restinho de madrugada eu não conseguia acreditar no que tinha acontecido, no fundo eu sabia que jamais se repetiria, mas, sozinho, fiz planos para nós. Nos dias seguintes eu sofri, chorei e me tratei mal, senti vergonha de você e acho até que te pedi desculpas, ou não? Planejei te conquistar com promessas e palavras, mas, nem lembro porquê, desisti. Passaram-se os dias, as semanas e os meses, eu fui embora, você foi embora, você voltou, eu voltei, você foi embora de novo, e eu fiquei, aqui, onde tudo começou e acabou em uma noite apenas. Depois de tanto tempo, quanto? Um ano? Já? Eu tentei e falhei tanto que perdi a fé, não sei porquê, mas ninguém conseguiu ocupar o seu lugar. Sofri e fiz sofrer muito, e não consegui te substituir. Vou vivendo assim, apenas com as lembranças. Às vezes eu nem lembro, mas, não sei por qual motivo, hoje pensei em nós.

05 novembro, 2007

Cerveja, Cigarro e Sexo

Eu sou o que pode ser chamado de um fumante ocasional, não fumo diariamente, somente as vezes, quando bebo. Ela é uma fumante inveterada, fuma quando acorda, quando trabalha, quando come e antes de ir dormir.

Eu não a suporto, mas não a resisto, ela é meu vicio assim como o cigarro é o dela, tão prejudicial quanto.

E toda noite de sábado é a mesma coisa: cerveja, cigarro e sexo.

Não a suporto de verdade e ela sabe, me liga durante a semana para me provocar, e eu não atendo, irritado, do outro lado ela deve morrer de rir. Não atendo.

Mas todo sábado é a mesma coisa, eu não consigo, preciso ligar.

Uma sala escura com dezenas de pessoas dançando ao som de uma música alta, indefinível. Odeio esse lugar e não suporto o jeito dela dançar, chamando a atenção dos outros.

E é assim que começa: primeiro vem a cerveja, depois o cigarro e depois o sexo.

Todo domingo de manhã é assim, ela se vai cedo, deixando para trás somente o seu inebriante aroma, que me vicia.

O cheiro de cerveja, cigarro e sexo.