01 maio, 2007

Era uma vez...

Era uma vez um escritor que odiava histórias que começam com “Era uma vez...”, mas já que começamos desse modo, que assim seja. Pois bem, esse escritor não conseguia dormir, então resolveu sentar na frente do computador exatamente as 04:21 da madrugada de uma quarta-feira para escrever uma história completamente improvável de tão estranha que era.

Escreveu “era uma vez” e ficou profundamente irritado. Amaldiçoou todos os contos de carochinha que haviam lhe contado, mas depois se arrependeu, pois haviam sido estes mesmos contos que lhe haviam despertado o gosto pela escrita e pela leitura, muitos anos antes.

Decidiu então escrever sobre um casal de insones que mal se conheciam, mas não conseguiam parar de conversar. Sentavam frente a frente e falavam, falavam e falavam horas a fio. O rapaz, como sempre, era o mais bobo: falava da beleza da moça, falava, falava e falava. E a moça, coitada, embevecida que estava com tanto falatório, tanta retórica, tanta lenga-lenga do rapaz, pensava: Esse rapaz me parece sério! E olhando de certo ângulo até que é bonitinho. Enganava-se.

E assim seguiam: falando, rindo, falando, trocando olhares, falando e rindo mais um pouco. “Mas que loucura é essa?”, “que assuntos esses dois tanto têm?”, indagava-se o escritor, mas não parava de escrever. “Se é pra sair uma história tão improvável e louca, que no final pode acabar se tornando realidade, então assim será!”, decidiu-se finalmente.

Estranhamente um sensato apontamento veio por parte do bobo rapaz - vamos dar um passo de cada vez - disse ele - ao que a bela moça prontamente concordou - sim, subiremos um degrau por dia -. - Haja degrau! - Exclamou o bobo – No final teremos um prédio de fundações fortes que resistirão a tudo. – finalizou a bela.

“Essa história só poderia mesmo ter começado com `Era uma vez...`”, pensou o escritor. E decidiu continuariam assim, o bobo e a bela: conversando, sorrindo, caminhando um passo por vez e subindo um degrau por dia. E o que foi feito do escritor? Este foi deitar-se, esperando ansiosamente o fim de suas insones noites.

5 comentários:

K. disse...

ei, escritor. comecei meu livro de verdade, cadê o teu?

Anônimo disse...

LINDOOOOO!

Anônimo disse...

"Era uma vez..." Vou levar comigo p/ sempre! *

Anônimo disse...

Que bom... "Ele" continua aqui!

Beijinhos!!!

Anônimo disse...

Não pude deixar de ler mais uma vez...