Deu um suspiro exagerado e deitou, mais um dia e nada aconteceu. Gosta muito dela, são amigos, ela sabe de suas intenções mas parece não se importar, não que ele nunca tivesse lhe dito sobre sua paixão, ele disse, mas ela apenas respondeu que não se sentia pronta.
Agora estava ali, deitado, olhando para o teto e pensando se já não era hora de conversarem novamente sobre o assunto, ele sente muito medo dela considerá-lo somente mais um amigo, alguém para conversar quando não se estiver fazendo algo mais importante. Enquanto ele a vê em tudo: na roupa que usa, na água que bebe, nos livros que lê e principalmente na música que ouve, sem dúvida ela é a perfeita personificação da música que ele ouve, e ele é só um amigo.
Costumam se falar com freqüência, é verdade, mas já fazem alguns dias que ela não da noticias. Isso basta para deixá-lo doente de saudade, quer saber o que ela esta fazendo, com quem, se conseguiu um trabalho novo, se continua na academia, se ouve o CD que ele lhe deu. A madrugada é a mais cruel parte do dia, pois é quando tudo fica parado, não há movimento no seu quarto, nada de distrações, nada para fazer, nada para dispersar o pensamento que esta longe, quase batendo na porta do apartamento dela.
Os dias se passam e ele jura que vai parar com isso, que vai parar de pensar, que vai se afastar, procurar outra pessoa que combine tanto com ele quanto ela, esse é o maior problema, cansou de procurar opostos que podiam se atrair no começo mas que com o passar do tempo se tornavam insuportáveis, agora quer alguém que seja o seu perfeito equivalente, com os mesmos modos, mesmos gostos e quem sabe até mesmos defeitos, em outra palavra: ela.
Finalmente chega o fim de semana, eles se falam, saem juntos, conversam. Por que ela tem que ser tão linda, tão atraente, tão interessante, tão... ela. O que ela esperava? Que ele não se apaixonasse? Então que para isso ela vire horrorosa, vazia e chata, mesmo assim talvez ele arranjasse uma desculpa para gostar dela.
No fim do dia ele a deixa em casa – Então... tchau. – dois beijinhos, e lá vai ela, passa pelo portão e sobe a escada sem nem olhar para ele, faz tudo isso como se fosse a coisa mais normal, como se o mundo inteiro, para ele, não fosse junto com ela e sumisse dentro do elevador. No sinal fechado ele pega o telefone, quer ligar e dizer que não agüenta mais, e não quer mais ser seu amigo, não quer ser só seu amigo, o sinal abre e ele engata a primeira.
- Talvez amanhã.
28 março, 2005
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E depois de muitas saídas para o cinema e afins, eis que ela sai do carro, atravessa o portão, cumprimenta o porteiro, caminha pelo hall do prédio, chama o elevador, entra no elevador, aperta o 8º, fica se olhando no espelho enquanto sobe e pensa:
-Será?...
:*
:*
:*
:*
Te amo!
...
:õ(
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